Inverno com hora marcada

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Não é já minucioso o suficiente dizer que o Inverno começa no dia 21 de Dezembro? É preciso resvalar para o disparate e dizer que o Inverno «chega» por volta das vinte para as seis? É pena, porque a essa hora não me dá jeito nenhum!...

Quando não há tempo para disparates

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
é porque a vida anda muito certinha... demasiado até. Esta tem sido uma semana a transbordar de acontecimentos de «gente grande». Entre o trabalho e a faculdade sobra muito pouco e os dias passaram por mim sem eu dar por isso.

Enfim... estou numa fase em que só penso:
"Nunca fui a Malaca, mas sinto-me como se tivesse lá vivido há 500 anos".
E isso sim é que é um grande disparate.

Porque é que de repente todo o «bicho-careta» acha que pode ser escritor?

segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Só esta semana, o Tó Romano e o Zé Manel (até os nomes são idiotas e ttttãaaaoooo dignos de aparecer na capa de um livro) estiveram nos lançamentos dos seus (até custa escrever...) romances. A saber, pois nunca é demais difundir este tipo de informação pois assim já estão todos avisados e os riscos de se enganarem quando forem à livraria são menores: "Eva Dream" e "Inquietudes", respectivamente.

Como costumava dizer um amigo meu: mas que grande pilha de esterco. 
Também ouvi dizer que houve gente disparatada que fez as contas e mesmo que ocupássemos 50 anos das nossas vidas a ler livros compulsivamente só conseguiríamos ler cerca de 24 mil. Por isso, quem vos avisa vosso amigo é: escolham bem aquilo que lêem.

Silvio Berlusconi e o poder da negação

"Não sou mafioso", disse ele. E nós fingimos que acreditamos, porque uma mentira dita muitas vezes acaba por se transformar numa verdade indesmentível.

Crise? Só se for mesmo no Dubai

sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Primeiro quero expressar a minha preocupação: se os tipos do petróleo estão a ficar sem dinheiro nem quero pensar no que será de nós.
Para quem não liga muito a estas coisas aborrecidas que envolvem a economia e as finanças, informo que está a decorrer neste momento um «choque» financeiro no Dubai. Afinal os tipos também estão cheios de dívidas e a ficar mais pobres, o que não me parece ser uma boa notícia. Mas é como tudo. Deixo de me importar se o preço da gasolina baixar, pois isto da economia é como tudo e só interessa enquanto «me» interessar.

Mas por cá a crise já passou. Pelo menos foi essa a sensação que me deu quando ontem fui à Fnac. Era dia do aderente e é sempre de aproveitar 10% de desconto em bens de 11ª necessidade. A loja estava a abarrotar. Pais, filhos, netos e avós, todos aos encontrões, empilhavam, num exercício de verdadeira acrobacia, livros, filmes, leitores de mp3, computadores portáteis, telemóveis, consolas de jogos e tudo o mais que conseguiam levar. Ok. É um exagero, mas é aflitivo ver que se continua a comprar indiscriminadamente, como se a dita «crise» já tivesse passado, ela que nunca deixou de existir na última década. Nós não aprendemos com o exemplo dos outros. Sim, «nós». Eu também lá estive a levar e a dar encontrões e a empilhar coisas de que na realidade não preciso. Durante o próximo mês vai piorar. É Natal.

Que fofo... ou talvez não!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Barack Obama salvou da morte certa dois perus, que, ao contrário do que é tradição naquelas paragens, não foram cozinhados para o tradicional jantar de Thanksgiving.
«Courage» e «Caroline» (até os nomes são fofinhos)  podem agora cumprir um outro destino qualquer, pois o dos perus já não é de certeza.

Finalmente fez-se luz! É que só agora percebi porque é que Obama ganhou o prémio Nobel da paz...  impedir que se cozinhem dois perus não é para toda a gente. 
I wish I could play God (too)

Ah! Não... espera! É que afinal é tradição! É suposto andarem a engordar perus para depois os presidentes norte-americanos os agraciarem com o dom da vida. Os perus conquistam-os pelo coração (e não pelo estômago, obviamente...), já que levam ao pescoço uma placa que diz "Feliz jantar". É muito fofo, mesmo! Podia ser mais fofo se não fosse tão idiota. 

Porque é que eu concordo com as propinas no ensino superior?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009
1) Porque em média um aluno custa cerca de 4000€/ano a uma Faculdade, o que significa que, indirectamente, todos os portugueses pagam propinas e a maior parte nem sequer é aluno universitário.

2) Porque o ensino por excelência em Portugal é o público, quando em países com tradição universitária enraizada acontece precisamente o contrário. Se deixam de existir numeros calusus no ensino público para compensar a falta de competência e credibilidade do sector privado, é expectável que o número de alunos a cargo do Estado aumente.
Nos EUA ou em Inglaterra, isto é, na Ivy League ou em Oxford e Cambridge, porque às vezes é preciso chamar as coisas pelos nomes para que elas ganhem aos nossos olhos a dimensão que efectivamente têm, os alunos pagam muito, mas mesmo muito mais do que os nossos. Por exemplo, um mestrado chega a custar 5000€ (ou mesmo mais) por ano, enquanto cá anda em torno dos 1000€/1200€. A contrapartida? A certeza absoluta de que esse investimento tem retorno. Por alguma razão os jovens desses (e outros) países tomam a decisão (impensável para um português) de recorrer a financiamentos bancários, amortizados em tempo oportuno, que é como quem diz quando encontrarem um emprego adequado às suas qualificações e competências.

3) Porque os contribuintes de Norte a Sul (regiões autónomas incluídas) não têm culpa que se tenha generalizado o Ensino Superior. A mentalidade do "o meu filho tem que ser doutor" continua a arrasar o ensino técnico e a despejar para o desemprego milhares de recém licenciados. Não me levem a mal: todos têm o direito de querer tirar um curso superior. No entanto, seja por vocação ou por capricho, tudo na vida tem um preço.

4) Finalmente, porque já ando nisto do «ensino superior público» há alguns anos (demasiados, talvez) e continuo convicta de que as propinas deviam ser substancialmente mais caras. A maior parte da população estudantil, nomeadamente aquela com quem me fui cruzando, pouco mais faz do que estar no espaço físico da Universidade. As salas de aula estão sempre mais vazias este ano do que estavam no ano anterior. Os bares e as salas de convívio têm lotação esgotada. Para muitos interessa mais a vida o espírito «académicos» do que o processo de aprendizagem. As pautas estão repletas de notas miseráveis e medíocres, mas os recintos onde decorrem as tradicionais festas estudantis estão sempre a abarrotar. 
Já o disse muitas vezes e não tenho qualquer problema em repetir: para muitos a universidade salda-se na bebedeira mais cara da história.

Nada disto deixa de contemplar os jovens que acabam por não frequentar o Ensino Superior porque os pais não têm possibilidades. Mas nada nesta vida é de graça. Uma vez que o financiamento para o Ensino Superior é cada vez mais reduzido, se não se pagarem propinas deixa de ser possível manter a excelência de algumas das nossas instituições (públicas!), que lutam diariamente com falta de recursos financeiros.

Bem sei que foi uma proposta do PCP que esteve na base desta minha reflexão. No entanto, ideologias políticas à parte, enquanto o Ensino Superior for uma OPÇÃO, as propinas, em última análise, são uma obrigação (moral, até).
Concordo com a opção política de transformar as universidades públicas numa espécie de centro comercial do conhecimento, onde os estudantes «compram» as competências e aptidões mais adequadas ao que prevêem ser o seu futuro profissional. Só mesmo assim é que a grande parte do orçamento que o Estado concede às instituições do ensino superior pode ser utilizada na sustentação de centros de investigação com qualidade, ao invés de servir para pagar o que os alunos na realidade custam às universidades - esses mesmos alunos que aproveitariam bem melhor o ensino superior se fossem efectivamente às aulas. Isto porque cada manifestação, festa do caloiro, queima ou bênção das fitas a que vão são horas de trabalho que perderam sem que tenham sequer dado por isso.