Quem não sabe é como quem não vê...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Ainda não tive Gripe A, mas devo andar lá perto, porque o meu sistema imunitário tem a mania do coleccionismo e há anos em que até tenho cromos repetidos, que é como quem diz 10 constipações, 4 ou 5 amigdalites e, para quebrar a monotonia, uma ou duas faringites ou laringite (e, confirmei hoje, outras coisas acabadas em «ite»)- É, portanto, mais provável encontrarem-me numa flu party do que no Bairro Alto. 

A primeira carraspana do ano foi uma laringite. Receitaram-me antibióticos e recusei a baixa (já contei a história em que o Estado nos dá três dias para decidirmos se estamos mesmo doentes não já?  É que eu fico logo mais doente quando me lembro de que NÃO SÃO PAGOS). Meti dois dias de férias, mais o fim-de-semana de molho e a coisa passou . Minto. Estive durante as últimas três semanas com tosse. Dizem que a partir dos 15 dias seguidos pode ser perigoso (uma breve pesquisa no Google aterroriza os menos hipocondriacos) mas a tosse era o menos, eu queria era dormir. 

Andava, basicamente, a arrastar-me pelos cantos e veio mesmo a calhar uma consulta da medicina do trabalho. Fiz o meu ar de bambi 31 e o médico fez tudo o que era possível um médico fazer com um estetoscópio e muito boa vontade. Vaticionou que eu tinha «tosse irritativa» e que o melhor era fazer um «Raio X Torácico» só para ficar mais descansada. Nem o Dr. House fazia melhor: irritada (e muito!) estava eu por andar com tosse. Mental note to self (porque é importante para a validação do ponto de vista): eu disse que tinha alergia a tudo e mais alguma coisa, desde ao pêlo do meu gato até ao pó, passando pelo pólen e pelas «plantas que crescem à beira da estrada» (segundo a sabedoria do alergologista que quis trocar-me a coisa por miúdos... se também não percebem que plantas são não me perguntem). 

Sou bem mandada e com a saúde não se brinca. Fui ao hospital, fiz o Raio X e ouvi pacientemente o diagnóstico: "es un caso extremo de renite alergica" (foi mesmo em espanhol, porque ao que parece há falta de médicos por estas bandas). Perguntei: "Então tive laringite ou era alergia desde o princípio"? Ela grunhiu que a primeira tinha piorado a segunda e mais não havia a acrescentar, pois isto dos doentes querem saber mais das suas patologias cansa um médico, especialmente se ele for espanhol.
Munida de mais uma receita e a suspirar de alívio (afinal não era cancro), fui à farmácia e comecei a emborcar antihistamínicos (dos bons, que fazem dormir) para cumprir religiosamente um tratamento de 5 dias. Não prestavam e eu não dormi. Pelo menos não me aborrecia de noite: tossia.

Ao final de três já não andava irritada com a tosse, estava furiosa! Fui à médica de família que torceu logo o nariz à rinite. Foi uma espécie de «nim». "Então e agora?", perguntei resignada. Análises e mais uma receita para aviar... Xarope (ok, faz sentido...) e antihistaminicos!! Diferentes, claro está, mas só por via das dúvidas. Fiz análises a tudo e mais alguma coisa e enfiaram-me cotonetes na garganta e no nariz, não fosse ficar algum exame de fora. Agora vem a parte gira: era mesmo alergia... Deixo aqui o testemunho em jeito de desabafo, porque três semanas, três médicos e três medicamentos depois (numa espécie de jogo «os meus são melhores do que os teus») soube que o meu problema era aquele que eu sempre tive: alergia (só não é irritativa, mas teve a distinta lata de me tirar do sério). A diferença é que esta é mais pomposa e tem a mania das grandezas, porque exigiu três médicos, um raio x e um painel de análises para se mostrar em todo o seu esplendor. E acaba em «ite».

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